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Agnelo, Agnelétrico!

Cordel de Francisco Diniz, baseado no texto de Adriano e Agnise.



Hoje Francisco Agnelo
De Araújo Pereira

Será homenageado
Numa história verdadeira
Em um singelo cordel
Pra lembrar do seu papel
De artista de primeira.

Foi em Ceará-Mirim,
O lugar onde nasceu,
No Rio Grande do Norte,
E em Santa Rita viveu
Desde os dois anos de idade,
Quando aqui esta cidade
Muito bem o acolheu,

Assim como sua família,
Seu Antônio, Dona Nena,
Suas irmãs: a Conceição
E Luíza, bem pequena,
Na verdade, um bebê,
E logo foi perceber
Mais irmãos entrar em cena...

Toinho, grande baixista,
Carminha e Adriano,
Que é caçula dos irmãos.
Agnelo é ser humano
Que merece ser lembrado
Por todo o seu legado
Em solo paraibano.
1

Ele nasceu potiguar
E ocorrera no dia
19 de dezembro,
O ano que acontecia:
1956,
Mas em Santa Rita fez
Sua eterna moradia.

Nome Francisco Agnelo
Foi pra homenagear
São Francisco de Assis
E para também lembrar
Agnelo um conhecido
Padre que havia sido
Quase um familiar.

Na infância foi escoteiro,
Grupo Lins de Vasconcelos,
Aluno do Seu Castanha,
Que motivou seus castelos
De um mundo musical,
Mágico, fenomenal,
De incansáveis sonhos belos.

Ele serviu ao Exército,
Onde teve instrução
Quartel 15 RCMEC,
De boa recordação
E sempre história contava,
Lembrança boa falava,
Quase sempre com emoção.
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Gostava de futebol,
Jogava como goleiro
Nas peladas com amigos
E às vezes como parceiro
Com seus filhos na escola,
O hábito de jogar bola
Era muito costumeiro,

Mas a paixão era a música,
Ele tocava viola,
Cavaquinho, violão,
Guitarra e craviola,
Era um autodidata,
A desenvoltura nata
O ouvido era a escola,

Pois pegava facilmente
Qualquer música pra tocar,
Também tocava pandeiro,
Bateria, sem falar
No triângulo e percussão
Com a incrível imitação
Do cobel ao estalar...

A língua no céu da boca,
Que era atração à parte
Nas suas apresentações
E enriquecia a arte
De um fazedor plural,
Que expunha um cabedal
De um grande baluarte.
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Criou o Grupo Musical
Com o seu mano Toinho,
Que chamou de Massapê,
Formado por Renatinho,
Por James Escarião
Chico Moita e então
Tocar era o caminho.

Escreveu composições
Como Antipessimismo,
Enredo, Estrelinha Linda,
Canções onde o intimismo
Era possível supor,
Compôs Grito de Amor,
E outras com humorismo

Exemplo: Maria na
Dança vai dar trê-lê-lê
,
E em matéria de shows
Vivia a oferecer
Sua arte na cidade
Em corrente atividade,
Cito aqui pra não esquecer:

Agneron no Currupi,
Teve o Miscigena Som,
Juntamente com Carlitos,
E o AGROCK era bom,
Pois mostrava a sintonia,
Bem como a alegria
Que Agnelo tinha com...
4

Os ritmos mais variados
E assim movimentava
A arte em Santa Rita.
O show que mais comentava
Era o que reunia
Amigos de todo dia
Que assim denominava:

De o show de Agnelo
Som e os seus convidados
,
Pois amigos para ele
Eram tais abnegados
Pela causa musical,
Pelo fazer cultural
Por isso muito amados.

Nessa viagem sonora
Muitos revolucionários,
Artistas que se doavam,
Que não eram mercenários,
Mas deveras sonhadores
A falar dos seus amores
E dos seus itinerários

Como Ronildo Ramalho,
Peninha, Almir Santana,
O Benalvo, Beto Lins,
E tanta gente bacana
Com cenários de Afrânio,
Artista que era crânio
E engrossava a caravana
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Vez em quando a se mostrar
Nos shows no cine avenida.
Agnelo era atração,
A solução garantida
Para espalhar humor
E difundir com primor
As coisas boas da vida.

A Jovem Guarda pra ele
Era uma grande paixão,
Formou a Saudade Jovem
Com Petrônio Beltrão,
Uma dupla para cantar
E depois veio criar
Importante formação:

Sua Banda Flash Back
Que, composta por Vamberto,
Por Jurandir de Os Satânicos,
Arnor Cabral e Roberto,
Além de outros convidados
A cantar em todos os lados,
Deixava a alegria perto.

Dentre esses convidados:
Citamos Zeca Baixista,
O Batista Seresteiro,
Aedson e outros artistas
Que em várias ocasiões
Foram participações
A animar toda pista.
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Tal Projeto Brega Max,
Festa que rememorava
Sempre os anos 60
E que bem organizava
A ONG que a gente diz
Pro Dia Nascer Feliz
E Agnelo amava.

Em João Pessoa Agnelo
Teve participação
Com Renato e Seus Blue Caps
Durante apresentação
U'a vez na Festa das Neves,
E Adriano descreve
Que foi grande a emoção.

Sua contribuição
No aspecto musical
As vezes nalgumas missas
Na paróquia local
Da cidade Santa Rita
E outras vezes transita
Como referencial

Na sua comunidade,
A de São Sebastião,
No Bairro da Liberdade,
Outras vezes tem ação
Nos Encontros de Casais
Que a Igreja Evangélica faz
Em muita ocasião.
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Os encontros da família
Eram sinônimos de festa,
Dia dos pais ou das mães
O seu talento empresta,
Aniversários, natal,
Ano novo, dia normal
Tinha rock e seresta.

Podia ser em Lucena,
Ou no Bairro do Cercado,
Na sua casa central,
Em qualquer lugar marcado
Tinha prosa, alegria
E é claro, música havia
Pra ficar muito lembrado.

Era um multiartista,
Ele cantava, tocava
E ainda produzia,
Porém nunca retrucava
De qualquer trabalho honesto,
Mesmo que fosse indigesto
Com coragem abraçava.

Na João Úrsulo, bem no Centro
Foi porteiro escolar,
Foi vendedor pelas portas,
Decorador pra ajudar
Luíza em muito evento,
O que ajudava o sustento
Da base familiar.
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Fez música para político
E propaganda em geral
Pro Lojão da Econômica,
Para Arlindo Cabral,
Padiesel, Casas Acioly,
A vida nunca era mole,
E acho que foi desleal

Com um artista talentoso
Que também fez propaganda
No Socimasa Atacado
E em tudo quanto é quitanda
Do seu amado lugar
Para poder sustentar
A sua real demanda.

A rádio 100.5
Era uma segunda casa,
Pois da família Maroja
A paixão não era rasa,
Mas depois se aproximou
De outro grupo e adotou
Simbolismo que arrasa

Ao se filiar ao Partido
Socialista Brasileiro
Ou seja, PSB,
Passou a ser um parceiro
E se caracterizar
De girassol pra mostrar
Como é ser companheiro.
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Virou o Homem Girassol
A andar por todo canto,
Pelas ruas assim vestido
E usava o seu encanto
Pra pessoas convidar
Em seu partido votar,
Mas teve um desencanto,

Pois apesar de Ricardo
Alcançar certo sucesso,
Adriano, o seu irmão
Não conseguiu o acesso
Para ser vereador,
Contudo o seu labor
No povo ficou impresso.

Agnelo adorava
O antigo Bar O Guarani,
Também o Bar de Delmiro
E sempre estava ali
No Bar do Edmilson para
Encontrar com quem tocara,
Tomar uma e sorrir.

Da feira de Santa Rita,
Era um frequentador,
Se existisse aglomerado
Assistindo a um cantor
Ou um artista bem singelo,
Lá estava Agnelo
Para sempre dar valor.
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E todos que o convidassem
Para tocar num lugar
O sim sempre era certo,
Quem quiser é só perguntar
A Clayton Ferrer ou Rinaldo
Vitorino que é esbaldo
Do bom violão tocar.

Agnelo construiu
Amizades importantes
E algumas delas tiveram
Com ele em todos instantes,
Principalmente em momentos
Difíceis de acolhimentos,
E as mais edificantes

Vamos citar aqui algumas:
Everildo, Celestino,
O amigo Jacir Mendonça,
O amigo Vicente (Pino),
O Zezinho do Lojão
Da Econômica, o patrão,
Que pro comércio tem tino.

Robson Macêdo foi outro
Bom amigo a se importar
Com Agnelo quando este
Estava a precisar
E o preito de gratidão
A família faz questão
Do registro realizar.
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É claro que tem mais gente
Que certamente ajudou
Naquelas horas difíceis,
Sabe bem quem já passou
Por alguma aflição,
Aqui é feita a menção
De quem a prole lembrou.

Agnelo enfrentou
Algumas enfermidades
Que ao longo de sua vida
Trouxeram infelicidades:
Mais cedo a tuberculose,
Mais tarde um pouco de artrose,
Porém as dificuldades

Foram essas principais:
Hanseníase, diabetes,
Além da hipertensão
Que agiram como giletes
Cortando bem devagar
Somente pra maltratar,
Não foram como trompetes,

Mesmo assim nosso Agnelo
Bravamente resistiu,
Da hanseníase curou-se,
Na tuberculose viu
A força do preconceito
Destruir o amor do peito
Que o adolescente sentiu,
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Pois sua namoradinha
Tida na flor da idade
Fora afastada pra sempre
Por pura e simples maldade,
Preconceito dos pais dela,
De Dalla, que fora aquela
Primeira preciosidade.

Pra ela, ele escreveu
A composição Menina
Dos cabelos na cintura
.
Depois outra turmalina,
Lenise Martins, a bela,
Transformou-se então naquela
Que sua vida ilumina

Num olhar dentro de um ônibus,
Não demora o casamento:
1981
E como desdobramento
Nascem os filhos Agnise
E Aguilenon, e que se frise
São frutos do ornamento

De Agnelo e Lenise,
E acho que foi lembrado
Ao nome do menino
O seu ídolo do passado,
Dos Beatles, o genial,
Dando ares musical
À escrita do filho amado.
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Por conta da hanseníase
Perdeu a mobilidade
De alguns dedos das mãos,
Porém tal dificuldade
Não o impediu de tocar
Seu violão nem cantar
Em muita oportunidade.

Contudo o diabetes
Foi o seu maior vilão,
Amputou a perna esquerda,
Mesmo assim segue em ação
Trabalhando de muleta,
Rindo e sem fazer careta
Mostra o que é motivação

Para todo ser humano
Que gosta de reclamar
Por coisas simples, banais,
Agnelo fez lembrar
Quando em cadeira de roda
Ele não se acomoda
E vivia a cantar

Com amigos, familiares
Dando beleza à vida
Apesar dos empecilhos,
Saúde comprometida,
Deu exemplo de coragem
Como um belo personagem
Da vida a ser vivida.
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Em 2022
Foi o ano que faleceu,
No dia 4 de abril
A cultura entristeceu
E a cidade Santa Rita,
Pra Agnelo a favorita,
Um grande artista perdeu.

Um patrimônio esquecido,
Muito desvalorizado,
A exemplo de tanto nome
Que só é um pouco lembrado
Quando a morte é chegada,
Fora isso é negada
A mão que tem o Estado

Para sim, valorizar
Os seus vultos culturais,
Digo coerentemente
Pois isso ele nunca faz,
Às vezes dá uma migalha,
Por outro lado estardalha
Em propaganda demais.

Valorizar um artista,
Torná-lo reconhecido
Por todo o seu legado
Pra não deixá-lo esquecido
Urge que a sociedade
Escolha quem na cidade
Dá valor ao desvalido.
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Agnelo foi artista
De origem popular
Que não teve do sistema
Um cuidadoso olhar,
Assim como tanta gente
Que cria arte e sente
Que não importa o criar,

Posto que o poder público
E a própria sociedade
Dão as costas quase sempre
E dão notoriedade
À bobagem do momento,
Hipocrisia, excremento
E à vasta banalidade.

Agnelo bem sabia
Desse perfil predador
Que inibe a boa arte,
Pois era um sonhador
E quem sonha compreende
O que vende, o que não vende
E o que é que tem valor.

Com saudades, meu amigo,
Eu lembro do seu talento,
Da sua obstinação
Fincada em todo momento
De alegria ou tristeza,
Você foi uma lindeza,
O meu agradecimento.
16
Fim
Santa Rita-PB, 30 de agosto de 2024.


Em 2024 a ONG Pro Dia Nascer Feliz criou a Sala de Música Agnelo Show


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